Abnegado


Por tudo que acredito traído
Ontem assim me vi
Na aurora dos pensamentos, colorido.
Lindo sonho menti

Soltam-se os braços
Algemas se desfazem
Bem diferente dos maços
Do vicio de outrem

Passaram gerações pouco descritas
Nenhuma especial
Cantadas , por vezes, esbaforidas
Em letras , canções de natal


Vividas por um só homem
Trazidas do infinito
Onde as crianças comem
O pão mais belo e bonito

E das músicas cantadas sem efeito
Perfeitas notas plantadas em pura voz
São completas nuvens sem defeito
Que as embelezam em sua sombra feroz

Perdido foi o homem no leito
Da amada cantada em finíssima voz
Que engana o mais puro e direito
Dando mais do que tem para nós
Sem saber ser este o mal feito
Esquecida  em alma atroz

Sabido isso grande aurora
Pois por que me torturas?
Não te basta minha alma agora
Que delicia-te até a mais vil ventura?

Não descubra, pois te digo,
Sinto-me em dor de dentro pra fora
Quando fala outro em teu ouvido
Portanto já sabes na hora
Que ouvir o gemido de teu homem marido

E não se apresse em espantar-se
Pois se ao dia a ti não dedico
Sou teu até quando o sol nasce
E em futuro distante te digo
Será minha sem preocupar-se

Com outrora, outro dia
Esquece como se sonhasse
Da triste melancolia
Como se o sonho despedaçasse
Dormindo tu voltas macia
A cantar como se a mim amasse

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