Mais baboseira sociológica

Não há melhor lugar para ter ideias de textos do que a minha sala de aula da faculdade. É impressionante como a minha mente se mantém firme ao me impedir de me concentrar nos temas propostos  pelos meus professores e, voa longe, fazendo com que uma parede seja mais interessante do que saber a opinião de Leo Strauss sobre a verdadeira função da política. A única coisa que posso fazer é torcer para que a minha mente rume para um caminho onde o que venho aprendendo possa ser utilizado. E felizmente isso aconteceu e, devo dizer que fui surpreendido por uma pergunta um tanto quanto inusitada: o que aconteceria no Brasil, se o voto deixasse de ser obrigatório e passasse a ser facultativo?


Para os filósofos gregos antigos (Aristóteles) ser cidadão é quando podemos exercer a cidadania, para podermos fazer isso é necessário que os homens ajam efetivamente na política, em outras palavras votem. Claro que na Grécia isso funcionava de forma diferente, visto que cidadãos eram apenas os homens maiores de idade e ainda não precisavam trabalhar pois possuíam escravos que realizavam todas as tarefas necessárias. Atualmente essa prática torna-se impossível pelo simples fato de não possuirmos escravos que possam realizar nossas tarefas, por causa dessa falta de tempo criou-se o Governo Representativo, onde apontamos nosso representante e ele irá defender nossos direitos da melhor forma possível. Em teoria isso funciona magnificamente.
Estabelecendo uma relação entra a Grécia Antiga e o atual regime brasileiro percebemos o quão distantes de exercer a tão falada cidadania estamos distante, apesar dos comercias do Ministério Público sempre afirmarem que ao votar somos cidadãos. Mas realmente o somos? O ato de tornar essa prática obrigatória, tira um grande peso dessa ação. Quantos de vocês gostam de sair de suas casas a cada dois anos para votar em um candidato com o qual vocês não se identificam? Não que o que eu esteja falando seja correto, mas sou da crença de que o ser humano é em sua constituição rebelde, ou seja ao irmos obrigados votar, acabamos por não levar isso a sério e somado a isso a falta de opções realmente viáveis de voto, acabamos por votar em qualquer um e delegar essa importante escolha à sorte ou algo parecido.
Não estou dizendo que essa notória onda de corrupção e incompetência é culpa dos "cidadãos" que não levam o seu voto realmente a sério. Não sou tão ingênuo assim. Eu tentei imaginar como seria se não precisássemos mais votar, se apenas os engajados políticos votassem e assim apenas os mais "capazes" fossem eleitos, mas infelizmente isso também não me pareceu solucionar todos os nossos problemas. Acabei detectando 2 grandes problemas, e isso sem me esforçar nem um pouco, imaginem se fosse realizado um real escrutínio sobre isso?
1º Se apenas uma parte votasse, e esse grupo fosse constituído de "instruídos" sobre política, nossa sociedade poderia se ver refém de uma minoria "esclarecida" que ditaria os rumos da política do nosso país. Claro isso pode ser uma visão exagerada e um tanto quanto paranoica, mas quem sabe?
2º Talvez e só talvez a outra parte da população que não se importa realmente com os rumos políticos pudesse se sentir tentada a conseguir algum benefício ao votar em determinado candidato, quando digo benefício me refiro a subornos e afins. Claro que mesmo com o voto obrigatório subornos existam, mas uma coisa é negociar por algo que tem de ser feito, outra coisa é fazer com que as pessoas se desloquem de suas casas sem necessidade.
É claro que essas objeções podem ser infundadas, visto que falam sobre a natureza humana, algo totalmente imprevisível, pelo menos para mim. Não quero aqui defender a obrigatoriedade do voto ou não, creio que ficou claro que o que deve mudar não é essa situação, mas sim a mentalidade do povo. Apesar de soar clichê e piegas, o voto é uma arma muito poderosa, ser um daqueles que decidem os rumos do seu país é uma responsabilidade e tanto. Portanto se não assumirmos essa responsabilidade e levarmos isso a sério não podemos reclamar sobre o nosso governo ineficiente.   

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