Mais baboseiras, agora sobre filmes, comediantes e liberdade de expressão?



Já viram algum filme em preto-e-branco? Eu nunca vi, na verdade eu até possuía um certo preconceito com relação a eles. Mas na verdade a fotografia de filmes assim é bem charmosa e gostosa, é uma sensação prazerosa assistir a filmes gravados dessa forma. Na verdade Lenny não foi gravado em preto-e-branco porque o diretor quis dar um toque cult, foi gravado assim por ser uma produção antiga, lançado em 1974. Esse é o resultado de quando se lê um livro sobre cinema, cria-se a ideia de que você é um grande conhecedor de cinema, não que eu precise de um livro para considerar-me entendido do assunto. Enfim, entendendo ou não do assunto discorrerei sobre essa obra.





Lenny conta a história do famoso comediante Lenny Bruce, que ficou famoso por fazer um tipo de humor totalmente diferente do que as pessoas estavam acostumadas. Estamos na década de 1960, a censura nos Estados Unidos é grande, os comediantes são possuem pouca liberdade de expressão, e acabam por apresentarem shows comuns, marcados por imitações. Isso acontece até que Lenny decide ir contra essas convenções e começa a falar o que pensa da forma como pensa. Por agir de forma a quebrar essa censura hipócrita é preso inúmeras vezes, é julgado em inúmeros estados, provoca muitas pessoas, mas em contrapartida consegue um grande apoio popular. No entanto ele não começou como um grande protestante desses limites impostos pela sociedade, na verdade ele fazia parte deles, se apresentava fazendo imitações, nunca falava coisas que não devia, agia da forma que um comediante da época deveria agir. Até que eu um show ele acabou por cometer uma gafe e falou algo que não devia no palco, aquilo causou um desconforto entre ele e a plateia, foi dito que devia se desculpar, mas ele acabou fazendo o contrário e ofendeu ainda mais a sua plateia. Foi banido das casas de show dessa cidade, chegou a pensar que estava arruinado, mas a vida gosta de pregar peças e foi convidado para fazer shows onde poderia falar o que  quisessem, poderia criticar que quisesse, aceitou e fez fama rapidamente.

Dustin Hoffman está muito bem no papel de Lenny Bruce, ele realmente passa a impressão de que é comediante sarcástico que não está nem aí para a influência adquirida por suas "críticas" à nossa sociedade. Esse é um dos grandes pontos fortes do filme, talvez seja o maior. O diretor não produziu um filme para idolatrar um comediante que foi contra os ditames de uma sociedade e começou  a falar o que achava certo. O que ele fez foi retratar a a vida de Lenny, de uma forma imparcial, não ignorou a influência e importância que ele conseguiu ao dizer o que pensava quando todos os outros simplesmente agiam conforme deveriam agir, mas também foi retratado os seus vícios e defeitos. Na verdade em em todas as ações de Lenny você enxerga um ser humano, gostando ou não de suas ações você vê um ser humano com caráter dúbio, uma pessoa que mesmo fazendo algo importante não se importava realmente com o impacto social de suas ações, somente se importava com o dinheiro que iria receber. Em determinado momento do filme Dustin acaba dizendo isso com todas as letras não se importa com o que as pessoas acham com o que ele diz desde que receba por isso.
Ao assistir Lenny percebe-se a influência que um artista pode ter na sociedade além de fazer com que questionemos até onde pode-se falar o que quiser para um público. Temos vários exemplos de comediantes que foram longe demais nas suas piadas e acabaram por causar um grande desconforto por irem contra o senso comum. Mas o quão longe um comediante pode ir ao fazer suas piadas? Temos o caso do Rafinha Bastos processado e demitido por fazer uma piada com uma mulher grávida, ou seja ele extrapolou os limites. Não sei se vocês souberam, mas houve um incidente similar que aconteceu com outro humorista famoso Danilo Gentili. Ele e mais um grupo de comediantes se propuseram a fazer um espetáculo com piadas "sujas" (negros, gays, gordos etc.) e, fizeram com que os espectadores assinassem um termo que tiraria toada a responsabilidade do que foi dito de cima dos humoristas. O problema é que antes dessa apresentação houve um show e esses músicos que não assinaram esse termo ficaram para assistir ao show, até que um deles acabou por se sentir profundamente ofendido chamou a polícia. Longe de mim dizer que foi frescura desse músico, quero chamar atenção para a liberdade que esses telespectadores deram para os comediantes, imagino o quão baixas foram as piadas e se mais alguém se ofendeu, mas se viu impossibilitado de fazer algo por ter assinado um contrato. Claro que quem tivesse se ofendido poderia sair, talvez tenham até saído, mas repito não é essa questão. Só quero tentar entender o tênue limite entre piadas necessárias para apontar um defeito da sociedade e piadas feitas apenas com o intuito de divertir, mas que acabam por usar algum tipo de pensamento preconceituoso para conseguir fazê-lo.
É isso, espero que isso tenha feito sentido para algum de vocês pessoas que acompanham, leem e comentam o blog. É graças a vocês que ele é um sucesso, sem vocês sempre presentes seríamos apenas um trio de pseudo-intelectuais que se propuseram a criar um blog, mas falharam miseravelmente. Mais uma vez agradeço, se estamos aqui é porque vocês nos incentivaram através dos seus comentários e críticas. MUITO OBRIGADO.

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