O temor do Sábio
Depois
de um magnífico início com “O Nome do Vento”, Patrick Rothfuss repete a dose
com o sensacional “O Temor do Sábio”. Alguns escritores não conseguem manter a
qualidade em suas sagas, ainda mais quando se trata de uma trilogia, o segundo
livro acaba se tornado uma ponte que leva até o final da série, e normalmente
essa narrativa é chata e tediosa, antecedendo uma explosão de dinamismo, marca
registrada de finais de séries.
“Lembre-se que há três coisas que todo sábio teme: o oceano em tormenta, uma noite sem luar e a ira de um homem gentil.”. Kvothe continua na faculdade, e leva a vida como no final do primeiro livro, mas um acontecimento inesperado faz com que seja melhor ele se ausentar da Universidade por alguns meses. Quase que em seguida surge a possibilidade dele conseguir um mecenas, o único problema é que ele se encontra a mais de 1600 quilômetros de distância, em Vintas. Será que vale a pena se afastar tanto da Universidade para encontrar um mecenas? A realidade por trás das lendas de Kvothe se confunde com as próprias estórias contadas a seu respeito. Em “O Temor do Sábio” vemos esse jovem promissor estudante tornar-se algo mais, uma lenda, um herói.
Um dos
poucos defeitos que podem ser atribuídos a “O Nome do Vento”, é a sua falta de
ação. Apesar de der maravilhosamente escrito, engraçado e envolvente, falta
aquela dose de adrenalina tão comum nos épicos. Essa é uma falha que Patrick
não cometeu em “O Temor do Sábio”, doses precisas e muito bem utilizadas de ação
para conquistar os fãs mais sanguinários. Se você achou a narrativa da vida de Kvothe
violenta e densa, vocês irão se surpreender com o aumento de violência, irão
notar quão sádica a escrita de Patrick pode se tornar, assemelhando-se um pouco
aos tão famosos livros de George R.R. Martin. Não que agora o livro seja
incrivelmente violento, mas quando comparado a outras sagas de fantasia (Harry
Potter, Senhor dos Anéis, O Hobbit), o aumento de “situações sérias” aumenta
consideravelmente.
E não é
só a quantidade de sangue que aumenta nesse livro. Se em “O nome do Vento”
Kvothe despertava o interesse de inúmeras mulheres, mas não tinha experiência
para lidar com as situações que surgiam, agora não é mais verdade. Como a
própria sinopse feita pela editora Sextante sobre “O Nome do Vento”, Kvothe Foi
capaz de passar a noite com Feluriana e retornar com a sua vida e sanidade
intactas, contudo não se pode dizer o mesmo da sua virgindade. Seu começo no
segundo livro é igual ao final do primeiro, onde nas suas próprias palavras “possuia
conhecimento no cortejo de mulheres suficiente para caber em um dedal, sem que primeiramente
fosse tirado do dedo”, mas sua incursão ao reino dos Encantados mudou tudo. De
um jovem inexperiente e nervoso, tornou-se um grande conquistador, tudo graças
às lições dadas por Feluriana.
Essa é Feluriana. |
Além da
experiência adquirida no quesito mulheres, Kvothe passa por aventuras até então
muito esperadas, mas que ao mesmo tempo pegam de surpresa o leitor. Ao ler “O
Temor do Sábio”, você espera lutas e acontecimentos empolgantes, sabe que eles
irão aparecer em algum momento, mas nunca sabem quando ou exatamente como. Desde
o começo do primeiro livro nos é revelado que Kvothe será uma espécie de herói,
saberá lutar, será um grande arcanista, um grande músico, o que resta é a
curiosidade para descobrir como tudo acontece. No segundo livro temos um
vislumbre de como ele aperfeiçoa a sua esgrima, como treina o seu corpo.
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